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Pintas malignas Pessoas com muitas pintas no corpo, pele e olhos claros e que têm casos na família são as principais vítimas do câncer de pele 22 SAÚDE O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que a cada ano ocorram no Brasil mais de 6 mil novos casos de melanoma, o tipo de câncer de pele menos prevalente, porém o mais letal. São os chamados nevos melanocíticos, nome técnico das pintas e sinais que repousam sobre a pele, que podem evoluir para o tumor cutâneo. Uma análise periódica é necessária para identificar precocemente os sinais de risco dessa transformação maligna. As pintas podem ser congênitas, quando presentes desde o nascimento, ou adquiridas. Geralmente, começam a aparecer na infância e adolescência, mas algumas podem surgir até na terceira idade. Predisposição genética é o que determina o aparecimento delas, mas a exposição ao sol é outro fator que faz com que algumas pessoas tenham mais pintas do que outras. Suas características variam: planas ou elevadas, diferentes colorações e formatos, presença de pelos ou não. “Entre as pessoas que correm mais risco de ter o câncer de pele estão aquelas que têm muitas pintas no corpo, pele clara, olhos azuis ou verdes, cabelos ruivos ou loiros, as que têm casos na família e que tiveram queimaduras solares antes dos 15 anos de idade”, detalha a dermatologista Juliana Favaro Izidoro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A maioria dos adultos brancos costuma ter em média 30 pintas espalhadas pelo corpo. Pessoas da raça negra geralmente manifestam menos pintas do que as da raça branca. As pessoas de pele escura também produzem mais melanina, o que é muito eficiente na proteção contra os raios ultravioleta (UV) do sol e ajuda a prevenir os sinais e o desenvolvimento do câncer de pele. “Pessoas com muitas pintas e pessoas negras correm o risco de não perceberem o surgimento de uma nova lesão, que pode ser um sinal de melanoma. É preciso ficar atento”, alerta Juliana. A presença de pintas não significa necessariamente câncer de pele, apenas que o risco de desenvolver a doença é maior e que por isso o indivíduo deve tomar mais precauções, como usar protetor solar com frequência. Mas quais pintas representam perigo à saúde? As pintas que tendem a se tornar um tumor maligno são chamadas de nevos atípicos e podem ser reconhecidas por meio da aplicação da regra ABCDE, que consiste em avaliar quatro características distintas. Uma mesma pinta pode apresentar uma ou mais dessas categorias e quanto maior o número, maior o grau de suspeita de tratar-se de um tumor de pele. Alguns tumores malignos de pele, porém, fogem dessa descrição. O melhor é procurar um especialista quando suspeitar de algo diferente. Lesões bem redondinhas e simétricas apresentam característica de benignidade, ao contrário das que apresentam formatos bizarros e assimétricos. A presença de uma única cor ou de diversas cores é também um fator relevante, sendo que quanto mais tonalidades, mais devemos nos preocupar. Também é necessária uma atenção para pintas maiores que cinco milímetros. “É importante observar a evolução de quaisquer dos parâmetros acima, pois caso haja alguma alteração, é preciso procurar um dermatologista”, explica Valéria Campos, coordenadora assistente do Departamento de Lasers da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especialista pelo Harvard Medical School. Examinar a pele periodicamente é uma maneira simples e fácil de detectar precocemente o câncer. “É preciso ficar atento às pintas em todas as partes do corpo, inclusive as regiões mais escondidas como palmas, plantas e região genital. Especial atenção deve ser dada às regiões cujo dano solar é mais intenso, tais como o centro facial (zona H da face), o couro cabeludo (nos indivíduos calvos) e pavilhões auriculares (orelha externa)”, salienta Juliana Favaro Izidoro. Setenta por cento dos melanomas nascem em áreas do corpo com muita exposição ao sol, e 30% provêm de pintas já existentes. Pintas pretas (sobrelevadas ou não), por exemplo, devem ser muito bem avaliadas. Quando atingem um estado cancerígeno, são do tipo melanoma – uma forma bastante nociva de câncer. Pintas que coçam e que sangram regularmente são sintomas perigosos e devem ser avaliadas o quanto antes. As que crescem para os lados também representam um problema, porque uma das características do melanoma é aumentar o diâmetro da pinta. Para garantir a segurança dos pacientes, os médicos contam com exames auxiliares, como a dermatoscopia digital. Esse exame é uma microscopia de superfície, que permite avaliar pintas no corpo com uma lente que aumenta de 20 a 70 vezes o tamanho dos sinais. “Pode-se, ainda, fazer o mapeamento dermatoscópico fotográfico, que facilita e traz muita segurança ao acompanhamento de indivíduos com múltiplos nevos, pois possibilita a análise fotográfica das lesões ao longo do tempo. Há também a microscopia confocal, que permite avaliar a lesão sem retirar material. Importante ressaltar que a análise definitiva se dá com a retirada e exame anatomopatológico (biópsia) da lesão”, completa Valéria Campos. Nos casos de suspeita de melanoma, a cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas dependendo do estágio do câncer. Quando há metástase, o melanoma ainda se mostra incurável na maioria dos casos. Dos fatores de risco Pessoas que tomaram muito sol ao longo da vida sem proteção adequada têm um risco aumentado para melanoma. Isso porque a exposição solar desprotegida agride a pele, causando alterações celulares que podem levar ao câncer. O melanoma incide preferencialmente na idade adulta, a partir da quinta década de vida, uma vez que quanto mais avançada a idade maior é o tempo de exposição solar daquela pele. Principais tipos de melanoma O melanoma extensivo superficial é o tipo mais comum. Ele geralmente é plano e irregular, quanto ao formato e à cor, e ocorre em tons diferentes de preto e marrom; O nodular começa como uma área elevada de cor preta azulada ou vermelha azulada; O lentigo maligno ocorre mais em idosos. Ele é comum em peles prejudicadas pelo sol na região do rosto, do pescoço e dos braços; O lentiginoso acral é a forma menos comum. Geralmente ocorre nas palmas, solas ou embaixo das unhas.


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