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22 SAÚDE Síndrome do piriforme Lesão muscular afeta quem trabalha sentado e pode provocar dor e até fraqueza muscular RISCO: Ficar sentado durante todo o dia é um dos principais causadores de estresse no músculo piriforme Trabalhar sentado pode ser confortável, mas também pode ser sinônimo de riscos à saúde para quem fica nessa posição durante muito tempo. Essa postura “estressa”, principalmente, um dos menores e mais estreitos músculos da região profunda do glúteo – o músculo piriforme. Localizado bem no centro da nádega, é um importante estabilizador da articulação do quadril, além de ser responsável pela rotação da coxa. Estimulado ou tensionado em excesso, o piriforme avoluma-se, desencadeando uma síndrome que leva seu nome. A alteração do músculo piriforme comprime o nervo ciático, o maior nervo do corpo humano, localizado muito próximo ao piriforme. Devido à sua compressão, a dor dessa lesão muscular acompanha todo trajeto do ciático, que se estende desde a face posterior do quadril, descendo por trás da coxa e dos joelhos até alcançar o dedo maior do pé, afetando, portanto, o glúteo e irradiando para as regiões lateral e posterior da coxa, do joelho, das pernas, tornozelos e pés. “Podem também ocorrer sintomas neurológicos de formigamento e alterações de sensibilidade no membro acometido, bem como fraqueza muscular”, explica o ortopedista Henrique Melo de Campos Gurgel, médico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da USP. Além do hábito de ficar muito tempo sentado, outros fatores estão associados às chances de homens e mulheres sofrerem da síndrome do piriforme, entre os quais o aumento da frequência ou da intensidade de exercícios físicos como corrida em declives, subidas e terrenos irregulares, que forçam uma repentina rotação do quadril. A hipertrofia excessiva dos glúteos também é comum entre as mulheres que malham em academia, e pode gerar lesões no músculo e no seu tendão, além de fibrose. Variações anatômicas genéticas também podem causar síndrome piriforme. “Esse quadro está presente em 16% da população geral”, observa Gurgel. O diagnóstico da síndrome piriforme não é simples, podendo gerar dúvidas até nos médicos mais experientes, pois os sinais do problema confundem-se com os de outras patologias que também causam a compressão do nervo ciático, como doenças da coluna vertebral (hérnias discais) e outras da região glútea, como a compressão dos músculos isquiotibiais, gêmeos e obturador interno, por impacto ósseo, por tumores, por anormalidades vasculares e sequelas de cirurgias no quadril. “O diagnóstico deve começar com uma adequada história clínica e vir acompanhado de um exame físico. Para confirmar as suspeitas, os principais exames complementares são a eletroneuromiografia, que avalia como está a função do nervo ciático, e a ressonância nuclear magnética, que avalia detalhadamente as estruturas presentes na região glútea”, detalha o ortopedista do Hospital das Clínicas da USP. O tratamento da síndrome piriforme é conservador, ou seja, são adotadas medidas clínicas, medicamentosas e comportamentais que podem curar ou reduzir os sintomas, além de já trabalharem na prevenção, daí a importância de uma detalhada anamnese. Sintomas causados por hipertrofia, contratura ou inflamação muscular são tratados com repouso e afastamento das atividades que sobrecarregam a musculatura e o quadril. Nestes casos pode-se recorrer ao uso de anti-inflamatórios, relaxantes musculares e seções de fisioterapia que envolvem métodos de analgesia e alongamento e fortalecimento muscular do quadril. “A imensa maioria das pessoas responde muito bem a este tratamento. Em raros casos serão necessárias infiltrações na região glútea, ou até cirurgias – estas realmente muito raras –, geralmente de forma endoscópica”, salienta Gurgel. Diagnóstico precoce ajuda a combater o problema mais rapidamente O tempo de recuperação varia entre os pacientes e envolve alguns meses. O importante, em caso de dor na região glútea, com ou sem irradiação para a coxa ou perna, que não melhore com um pouco de repouso e medicação, é a procura imediata de um especialista. O prognóstico de melhora quando a doença é recente é mais rápido e mais efetivo do que quando comparado ao de sua fase crônica. Após o tratamento, com a melhora total dos sintomas, a pessoa estará liberada para a prática de qualquer atividade física, devendo, entretanto, realizar periodicamente exercícios de alongamento e fortalecimento muscular da região. A melhor maneira de evitar a síndrome do piriforme é mantendo alongados os músculos inferiores. É importante aquecer-se bem antes de iniciar qualquer esporte ou atividade. E trabalhar, sem excessos e exageros, o fortalecimento muscular dessa região. Para quem trabalha muito tempo sentado no escritório, caminhar, espreguiçar-se e alongar-se de tempos em tempos é recomendável, além de manter uma boa postura EXERCÍCIOS: Alongamento diário é recomendado para evitar problemas na cadeira ou na poltrona, de modo a não sobrecarregar apenas um lado do corpo.


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