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HPV acomete mais de 290 milhões de mulheres Doença tem menor incidência em homens e transmissão do vírus se dá pelo contato com a pele ou a mucosa infectada CUIDADO: a vacinação é a melhor forma de prevenção contra o HPV, que pode infectar homens e mulheres 22 SAÚDE O Papilomavírus humano (HPV) representa um grupo de vírus com diversas variações, que provoca a formação de verrugas na pele e nas mucosas das regiões oral (lábios, boca, cordas vocais), anal, genital e da uretra. Infecta ambos os sexos, mas é entre as mulheres que causa os maiores danos, desde lesões de baixo risco de malignidade até doenças como o câncer do colo do útero. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV. O combate a essa verdadeira epidemia tem um forte aliado – uma vacina, que desde 2014 é aplicada no Brasil. A imunização em massa pode criar a primeira geração de mulheres livres do câncer de colo do útero e das verrugas genitais. A maioria das infecções pelo Papilomavírus humano é assintomática e regride espontaneamente, sem que a pessoa sequer saiba que foi contaminada. O diagnóstico pode ocorrer meses ou anos depois do contágio. Durante todo esse tempo a pessoa será transmissora do vírus, que tem sua principal forma de disseminação pela via sexual. Segundo a ginecologista Marcia Fuzaro Terra Cadial, professora-assistente de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC, o contágio do HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. “A transmissão do vírus se dá pelo contato com a pele ou a mucosa infectada, o que pode ocorrer em relações sexuais oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital”, adverte. Estima-se que somente 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolvem algum tipo de sintoma. Quando isso ocorre, a infecção desponta de duas formas: clínica e subclínica. Lesões clínicas são verrugas, que têm aspecto de uma couve-flor, que nas mulheres podem aparecer no colo do útero, na vagina, na vulva, nas regiões pubiana, perineal, perianal e no ânus. Em homens, po- dem surgir no pênis (normalmente na glande), na bolsa escrotal, nas regiões pubiana, perianal e no ânus. Essas lesões também podem aflorar e aparecer na boca e na garganta de homens e mulheres. Já as infecções subclínicas, aquelas não visíveis a olho nu, costumam ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. Quando no colo do útero, podem apenas refletir a presença do vírus ou até constituir verdadeiras precursoras do câncer. Das 291 milhões de mulheres no mundo portadoras do HPV, cerca de 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos do vírus, implicados como causa dos cânceres de colo de útero. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro da infecção por HPV. “Nem todas as infecções evoluem para um quadro de cân- Vacinação reduz risco de infecção Em 2014, o Ministério da Saúde adicionou ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) a vacina quadrivalente contra o HPV, que reduz o risco de infecção causada por quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (6 e 11) relacionados às verrugas genitais e os outros dois (16 e 18) aos cânceres de colo de útero. A vacinação gerou polêmica e insegurança no país, após os 11 casos de meninas de um mesmo colégio que reagiram mal ao serem vacinadas e foram internadas, no litoral paulista. Famílias passaram a proibir que jovens recebessem a imunização. O temor, no entanto, jamais teve fundamento científico, segundo o Ministério da Saúde e a especialista Marcia Cadial. “A vacina é desenvolvida por meio de uma complexa e moderna técnica de engenharia genética, onde apenas a proteína da cápsula do HPV é utilizada e não o próprio vírus. É bastante segura”, garante a ginecologista. Outra preocupação dos pais é a hipótese de que a vacina levaria as jovens a adotar comportamentos sexuais precoces. Um estudo realizado com jovens dos Estados Unidos de 2010 a 2015 e publicado na revista da Associação Médica Americana (JAMA), divulgado no ano passado, mostrou que a medicação não incentiva esses hábitos sexuais. E por que vacinar cedo as meninas? “A opção pela vacinação nessas faixas etárias se dá porque a vacina cer. No entanto, em mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero existe a presença do Papilomavírus humano, daí a importância de conscientizar e prevenir”, esclarece Marcia Cadial. As pessoas expostas ao vírus devem ficar atentas para o surgimento de alguma lesão para, então, procurar um especialista. “O diagnóstico da presença de HPV nas mulheres é feito principalmente pelo Papanicolaou e somente a partir dos 25 anos”, afirma a ginecologista. Para os homens, existem dois exames: a peniscopia e os testes moleculares. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico (cauterização química, eletrocauterização, crioterapia, laser ou cirurgia convencional em casos de câncer instalado). “Mesmo após o tratamento, pode haver reinfecção, já que a infecção pode não induzir a imunidade e, além disso, pode ocorrer contato com outro tipo viral da infecção”, salienta a médica. se mostra mais eficaz em jovens que ainda não deram início a sua atividade sexual e, consequentemente, ainda não foram expostas ao vírus”, explica Marcia Cadial. A aplicação está disponível durante todo o ano nas mais de 36 mil salas de vacinação do Sistema Único de Saúde espalhadas por todo o Brasil para meninas de 9 a 13 anos. O esquema vacinal adotado é o seguinte: duas doses, sendo a segunda seis meses após a primeira. Mulheres de 9 a 26 anos com HIV também podem se vacinar – para estas, o esquema consiste na administração de três doses: a segunda deve ser feita dois meses depois da primeira, e a terceira, seis meses após a primeira.


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