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Antes de viajar, consulte um médico Para não correr o risco de atrapalhar as férias, é importante fazer um checape para minimizar o risco de doenças DIAGNÓSTICO: A consulta médica oferece informações, recomendações e medidas que podem evitar o adoecimento 22 SAÚDE As férias de julho estão chegando e com ela a preocupação de programar bem a viagem. No entanto, antes mesmo de arrumar a mala, é importante pensar na saúde. Pode não parecer, mas viagens representam sérios riscos à saúde. Uma consulta médica especializada antes da partida é boa oportunidade para minimizar os riscos de adquirir uma doença que estrague o merecido descanso. São vários os motivos que recomendam uma visita ao médico antes da partida, a começar pelo fato de que algumas doenças são mais comuns em determinadas partes do mundo, ou em certos períodos do ano. Mesmo deslocamentos dentro do Brasil requerem alguns cuidados específicos. Afinal, vivemos em um país de dimensões continentais, em que cada região apresenta uma variação climática, de relevo e de vegetação. Outro fator que acaba por aumentar a exposição a riscos é a mudança de hábitos. O viajante pode tornar-se menos cuidadoso com consumo de alimentos e de bebidas ou no uso do repelente, por exemplo. Esses fatores podem favorecer o surgimento de doenças em níveis que o corpo consegue lidar, como a diarreia e a gripe, até doenças sérias como a hepatite, a malária, a febre amarela e o sarampo. Importante salientar que, geralmente, é o viajante quem leva novas doenças a locais onde elas nunca existiram. Foi assim que o vírus da zika, o atual e maior problema da saúde pública brasileira, começou a circular no país. Segundo estudo publicado na revista científica “Science”, o vírus chegou ao Brasil durante a Copa das Confederações, em 2013, evento que teve a participação do Taiti, que fica na Polinésia Francesa, região afetada pelo vírus naquela época. Prevenção É vital, para realizar uma viagem tranquila, conhecer os riscos e as medidas de proteção necessárias. A medicina do viajante é um serviço pouco conhecido e de muita utilidade para esse público. Trata-se de uma área que requer constante atualização e conhecimento da geografia das doenças, riscos, infecções e síndromes relacionadas às viagens. “Estamos sempre de olho nos sites das principais instituições de saúde do mundo de modo a acompanhar se em algum país, cidade ou região há algum surto infeccioso ocorrendo e, desta forma, poder orientar e prevenir os viajantes”, acentua a infectologista Karina Miyaji, responsável pelo Ambulatório do Viajante do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Como os agentes infecciosos são os principais responsáveis pelo adoecimento das pessoas em trânsito, os médicos infectologistas costumam ser os responsáveis pelo seu atendimento. A consulta visa a atender as especificidades de cada pessoa. Viajantes de idades e condições de saúdes diferentes precisam de recomendações diferentes. De modo geral, a consulta segue o seguinte esquema: avaliação da pessoa, revi- são do itinerário de viagem, imunizações a serem realizas e aconselhamento geral. No exame, o infectologista faz um checape do estado atual, sem desconsiderar seu histórico. Em seguida, o itinerário da viagem é revisado. A data, as escalas e etapas intermediárias até a chegada ao destino final, o tipo e estilo de passeio. Os deslocamentos aéreos, por exemplo, expõem passageiros a diversos fatores que podem ter impacto na saúde, principalmente em percursos que durem mais de três horas. Com todas as informações, são definidas as vacinas a serem aplicadas. Não existe um esquema único de vacinação – cada imunização corresponde a itens específicos (número de doses e resposta imune do indivíduo vacinado). Por essa razão, os turistas são aconselhados a consultar o médico pelo menos 30 dias antes da partida, a fim de dar tempo suficiente para que os esquemas de imunização possam ser concluídos. Nessa etapa, o paciente tem as imunizações de rotina atualizadas e recebe aquelas que são exigidas para ingresso em alguns países, dentre os quais está o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) emitido pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). A lista dos países com tal certificação está disponível na internet no site da Organização Mundial de Saúde. “As vacinas de rotina são todas contempladas pela rede pública. Mas existem outras, que também são importantes para a proteção do viajante e, às vezes, são obrigatórias para ingresso em alguns países, que não constam no Programa Nacional de Imunizações (PNI), e que precisarão ser adquiridas na rede privada”, alerta Miyaji. Receita internacional Existem muitas doenças contra as quais ainda não dispomos de vacinas ou que, além da vacinação, requerem outros cuidados, por isso a última parte da consulta é reservada para um aconselhamento geral. O paciente receberá informações sobre precauções contra picadas de insetos, cuidados com água e alimentos, orientação sobre locais de atendimento no exterior etc. “Essa parte é fundamental para viajantes que fazem uso de medicamentos sob prescrição médica ou contínuo. Para eles é recomendado incluir na mala o receituário em inglês, de preferência. Isso porque a entrada de qualquer medicamento em outros países poderá sofrer fiscalização sanitária. Se for preciso adquirir o medicamento em outro país, a prescrição médica evitará problemas. Recomenda-se ainda levar uma quantidade do remédio além da suficiente, já que em alguns países pode ser difícil encontrar a marca específica”, detalha a infectologista do HC. A Organização Mundial da Saúde recomenda que todos os indivíduos procurem aconselhamento médico antes de viajar, independentemente do destino. Muitas cidades grandes, de países desenvolvidos, apresentam doenças endêmicas – ou mesmo epidêmicas – que podem ser prevenidas. Há quase um ano, por exemplo, o Ambulatório dos Viajantes do HC divulgou um alerta para o risco de transmissão de sarampo nos Estados Unidos, em países da Europa, como França, Alemanha e Inglaterra, na Ásia e na África. “Mesmo que a viagem seja rápida, ainda se faz oportuna uma consulta, já que há tempo para fornecer conselhos de precaução de doenças e atualizar o paciente sobre a situação epidemiológica do local de destino. O risco de contrair uma doença em pouco tempo de estadia é menor, mas ainda existe”, salienta Miyaji. Para viajantes com doenças crônicas como insuficiência coronariana, diabetes, lúpus, dermatite atópica, psoríase, doenças gastrointestinais e outras, a consulta médica se faz ainda mais importante. Mesmo tomadas todas as precauções, não é possível afirmar que o viajante não vá adoecer. A consulta oferece informações, recomendações e medidas que, quando seguidas, possibilitam reduzir ao mínimo o risco de adoecimento. Após o retorno da viagem, caso apresente algum sintoma de adoecimento, o viajante deve procurar imediatamente um serviço de saúde e informar as regiões que visitou. Divulgação


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