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O que a próxima eleição no Brasil pode ter de diferente comparada com as anteriores, quando empresas podiam fazer doações para partidos e candidatos? As lições que tivemos nos EUA mostram que os brasileiros ficarão satisfeitos com o novo sistema de financiamento eleitoral. Dinheiro de empresas sempre vem com amarras, com expectativa de retorno. Quase a totalidade das empresas não se importa com a qualidade do debate, não doa para candidatos desafiantes, não quer a realização de amplos debates e a melhoria da qualidade da democracia, apenas financiam campanhas como um negócio resumido em obter contratos com o governo e interferir na legislação do seu campo de negócio. Retirando esta influência, o Brasil deverá experimentar um impacto positivo na integridade do processo eleitoral que será percebido rapidamente. Críticos do modelo com financiamento exclusivo pelo cidadão dizem que as empresas vão financiar os candidatos via caixa 2. Isso é suficiente para justificar a volta do modelo anterior? Toda lei nova é vista por alguns com ceticismo. Sempre há aqueles que argumentam que não funcionará porque o velho sistema continuará operando. Você não pode legislar ou criar um sistema democrático Craig 14 ENTREVISTA Em outubro, o Brasil terá a primeira eleição cujas doações para campanhas virão exclusivamente do cidadão: em 2015, o Supremo Tribunal Federal definiu que doação de empresas para partidos políticos é inconstitucional. Com a decisão, os candidatos terão o desafio de atrair o eleitor para ajudar a bancar suas campanhas, que, a princípio, contam com os recursos do fundo partidário. Se por aqui vivemos a expectativa da escolha de prefeitos e vereadores sob o impacto desta novidade, também este ano, no mês de novembro, os Estados Unidos devem testemunhar a eleição presidencial com a campanha mais cara da história do país, podendo atingir a cifra de US$ 10 bilhões. A projeção é consequência de decisão da Suprema Corte americana em 2010, que permitiu que corporações, associações e sindicatos passassem a financiar os candidatos a cargos do Executivo e do Legislativo, o que não ocorria há quase um século. “Isso não apenas devastou nosso processo eleitoral, mas também minou a integridade do processo legislativo, tudo mudou”, lamenta Craig Holman, PhD responsável por Assuntos Governamentais e Relações Institucionais do Public Citizen Congress Watch, Organização não Governamental que existe há 45 anos. Crítico do uso de dinheiro de empresas no processo político, o especialista prevê, com base na experiência vivida nos EUA, progressos para as próximas eleições realizadas no Brasil. José Luís da Conceição


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