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14 ENTREVISTA Defensor de um sistema inclusivo para atender de forma adequada o cidadão brasileiro, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Mauro Gomes Aranha de Lima, admite que o setor enfrenta uma forte crise. Para ele, há um movimento no sentido de acabar com o Sistema Único de Saúde, impulsionado pelo lançamento de planos populares que podem ampliar ainda mais os problemas. “O barato pode sair caro, pois esses convênios garantem o atendimento desde que não seja custoso”. A entidade lançou no início de abril um manifesto contra a criação desses planos. Outra preocupação do Cremesp, assim como ocorre com a OAB SP, é com a formação de seus profissionais. Por conta disso, defende a realização de um exame obrigatório que acredita ser a melhor forma de aferimento para o ingresso na Medicina. A instituição, que completou 60 anos de atividade, já realiza as provas de forma facultativa e, na última avaliação, houve reprovação de quase 60% dos egressos. Médico psiquiatra, Aranha tem outras preocupações de caráter social, levando a entidade a fazer parcerias com a Secional paulista da Ordem como a ação realizada em prol da inclusão de pessoas com deficiência. Também trabalham em conjunto para ajudar na questão da Cracolândia. Assim como na OAB, o Conselho de Medicina deveria aplicar uma prova obrigatória de qualificação profissional? O Cremesp tem a tradição, há treze anos, de aplicar uma prova aos egressos de Medicina como se fosse obrigatória, embora não seja. Apenas durante dois anos ela teve esse caráter, mas, por falta de uma previsão legal, o aluno não precisava atingir a suficiência para receber o registro e exercer a medicina. Nesses dois anos em que a prova foi determinada, a gente fazia o registro do aluno do sexto ano apenas se ele fizesse o exame, independentemente do resultado. Porém, até isso nos foi impedido judicialmente pelo Sindicato de Escolas Médicas do Estado de São Paulo. O exame do Cremesp, tendo essa tradição, observa que de 50% a 60% dos alunos egressos não obtêm nota suficiente para realizar o bom exercício profissional nas suas práticas médicas. Seria fundamental que houvesse um projeto para a implementação de lei no país, da mesma forma que já ocorre com os advogados, mediante essa obrigatoriedade. A prova é a melhor forma de aferimento profissional? Existem várias experiências internacionais no sentido de se aplicar uma prova teste, de múltipla escolha, abrangendo todas as áreas da medicina. Esse teste é capaz de corroborar se aquele aluno formado tem condições de exercer uma boa medicina. O Cremesp e a OAB SP têm preocupação com questões sociais. Quais pautas são trabalhadas em conjunto? Tratamos algumas pautas e fizemos parcerias que frutificarão em outras ações. Uma delas se referiu às pessoas com deficiência, por conta da Lei Brasileira de Inclusão (LBI). É importante que o médico entenda que a medici- José Luís da Conceição Mauro


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