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22 SAÚDE Os perigos trazidos pelas varizes Doença de herança genética predominante pode causar até úlceras nas pernas, em quadros mais graves De cor azulada, bem visíveis sob a pele, as varizes são de grande incômodo estético, principalmente para as mulheres. Contudo, mais do que um prejuízo à beleza, essas veias dilatadas de aspecto nada agradável representam uma alteração funcional da circulação venosa do organismo, capaz de gerar complicações que vão desde dores e inchaços até ocorrências mais graves. A doença varicosa costuma surgir quando as válvulas das veias das pernas, cuja função é reconduzir o sangue ao coração após ter irrigado os membros inferiores, deixam de funcionar perfeitamente. Com isso, o sangue fica “parado”, a pressão faz as veias dilatarem e ficarem tortuosas, formando vasinhos ou varizes. A diferença entre um e outro, como explica o angiologista e cirurgião vascular Marcelo Moraes, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), é o calibre da dilatação. “Os vasinhos – tecnicamente chamados de telangiectasia – têm diâmetros pequenos e caracterizam o grau 1 da doença varicosa. Já as varizes têm diâmetros maiores e caracterizam o grau 2”, diz Moraes. Sem tratamento, com o passar do tempo, o comprometimento do sistema venoso afeta a qualidade de vida dos pacientes, que podem sofrer os seguintes sintomas: desconforto, sensação de cansaço e peso na perna, queimação, ardência e inchaço nos membros inferiores, além de câimbras e coceira. A doença venosa é progressiva. Se nada for feito, muito provavelmente há a tendência ao agravamento do quadro e até o surgimento de úlceras (feridas). Nas mulheres, principalmente durante o período pré-menstrual e na gravidez, todos os sintomas descritos tendem a se intensificar. O principal fator de predisposição à doença venosa é a herança genética, mas a probabilidade de ela se manifestar também está relacionada a gênero, interação com o ambiente e hábitos. “As mulheres são mais propensas a ter varizes, porque o estrogênio (hormônio feminino) tem influência no enfraquecimento da função dos vasos, o que aumenta o risco de dilatação das veias. Outro fator é que a gravidade dos casos e a frequência com a qual eles ocorrem estão ligadas, diretamente, ao número de gestações por que uma mulher já passou. A probabilidade aumenta, neste caso para ambos os sexos, com o avanço da idade, porque a quantidade de colágeno nas veias começa a diminuir e elas tendem a se enfraquecer e dilatar mais facilmente. O tipo de trabalho também pode vir a influenciar – trabalhar muito tempo em pé ou em atividades que exigem grande esforço físico também são fatores de risco. E, por fim, sedentarismo e obesidade”, detalha o médico. Salto sem exageros O salto alto, muitas vezes considerado vilão, segundo Marcelo Moraes, quando usado com moderação não traz prejuízos à saúde. “O uso de salto alto, isoladamente, não é responsável pelo surgimento das varizes. No entanto, é sabido que quem usa constantemente salto alto acaba tendo um encurtamento da musculatura da panturrilha, o que, de fato, atrapalha o retorno venoso. O conselho é o seguinte: se a mulher tem uma predisposição genética, a sugestão é evitar o uso de saltos muito altos por longos períodos de tempo”, orienta. As varizes são facilmente identificáveis pelo simples exame visual, mas um diagnóstico complementar, como o ultrassom com Doppler do sistema venoso, é pertinente. O procedimento fornece dados importantes que influenciam na decisão sobre o tipo de tratamento a ser prescrito. Detectada a presença de varizes, a escolha do tratamento depende do tipo de veia, da condição clínica do paciente, da localização e extensão do problema. Há três tipos de abordagem que podem ser utilizadas: o método mais convencional é a retirada das veias dilatadas por meio de cirurgia. O tipo de anestesia usado nessa intervenção é a raquidiana. Outro modo de dar fim às varizes é via laser ou radiofrequência – nestas técnicas as veias não são removidas, mas queimadas por meio do aumento da temperatura. Em ambos os casos o tempo de hospitalização é curto e a recuperação pode durar até duas semanas. Um terceiro procedimento é o da aplicação de espuma nas veias. Menos invasivo e sem necessidade de anestesia: os médicos injetam uma substância que desativa a veia doente. O procedimento é realizado com a ajuda de um aparelho de ultrassom. “É importante destacar que quase sempre, independentemente do tipo de terapêutica utilizada, haverá cicatrizes. Mesmo o método de aplicação de espuma, que é o menos invasivo, pode deixar manchas na pele”, ressalta Moraes. E completa: “Nenhum dos métodos previnem novos problemas vasculares. Os tratamentos eliminam as veias doentes, mas não impedem que novas lesões apareçam em outras veias, já que o processo de formação das varizes é contínuo devido ao componente genético. Os estudos mostram que de 20% a 25% dos pacientes dentro de cinco anos terão veias passíveis de tratamento. Por isso, a recomendação é não desconsiderar os primeiros sinais da doença e trabalhar para a redução dos fatores de risco mutáveis”. A atividade física é grande aliada na prevenção. Colocar o corpo em movimento ajuda na circulação. As meias elásticas de compressão graduada também contribuem a aliviar os sintomas enquanto se aguarda o momento de um tratamento definitivo. Há meias de tipo suave, média e de alta compressão, indicadas para determinadas características de doenças varicosas. O ideal é comprar as meias apenas com a indicação médica e em lojas especializadas. Entre os fatores de risco estão trabalhar muito tempo em pé ou em atividades que exigem grande esforço físico Divulgação


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