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Inimigos da pele afetam 80% dos adolescentes Estresse, alimentos e maquiagem ajudam a intensificar o aparecimento da acne, doença que provoca espinhas e cravos FREQUÊNCIA: Apesar de acometer outras partes do corpo, acne atinge mais a região do rosto 22 SAÚDE A impressão é que a acne, nome clínico da doença que se apresenta sob a forma de cravos e espinhas, surge de um dia para o outro. Antes de dormir, estava sem nenhum sinal delas, mas no dia seguinte, ao se olhar no espelho, surge uma desagradável surpresa no rosto, nas costas, no peito ou nos ombros (regiões onde elas são mais comuns). Contudo, ao contrário do que aparenta, o surgimento deriva de um processo paulatino. “Na acne, as células dos poros da pele se proliferam mais rapidamente, provocando obstruções. Acontece ainda produção aumentada de sebo, contribuindo para a formação de cravos ou comedões. Se houver proliferação de bactéria (propionibacterium acnes) e liberação dos mediadores inflamatórios, ocorre a formação das espinhas”, esclarece a médica Thais Sakuma, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “A acne afeta quase 80% dos adolescentes e jovens adultos, na faixa etária dos onze aos 30 anos”, salienta. É na adolescência que a acne costuma chamar mais a atenção. Nessa fase da vida, a secreção de sebo aumenta, em decorrência dos hormônios sexuais que são despejados na circulação, logo a pressão dentro dos folículos da pele aumenta e sobrevém a inflamação. “Em fases de tensão emocional, adolescentes com acne descarregam essa tensão espremendo os cravos e espinhas do rosto. Ao agir assim, aumentam o comprometimento da pele e a probabilidade de cicatrizes”, explica Sakuma. Apesar de corriqueira durante a adolescência, e embora não seja uma condição que ameace a vida, a acne não deve ser vista como uma condição normal da idade. “É uma doença e deve ser tratada por um especialista. Não se trata acne com produtos comprados por conta própria nem em clínicas de estética sem dermatologistas, muito menos com itens caseiros indicados por amigos e vizinhos”, adverte Betina Stefanello, também da SBD. Mesmo nos quadros leves, o adolescente pode ficar muito incomodado com a presença da disfunção, o que pode vir a comprometer suas atividades cotidianas e os relacionamentos. Espinhas em adolescentes, meninos e meninas, costumam aparecer mais na chamada zona T do rosto, formada pelo nariz e pela testa. Já nos adultos, os cravos e espinhas são mais frequentes em mulheres, podendo ser uma continuidade de um quadro de acne da adolescência, ou terem iniciado somente na vida adulta. As lesões costumam surgir na chamada zona V: mandíbula, queixo e pescoço. Essa patologia está relacionada à produção hormonal ou pode ser decorrente de síndrome dos ovários policísticos. Há ainda acnes mais graves, de vertente genética, que podem atingir ambos os sexos, tanto na fase adulta quanto na adolescência, e que aparecem no rosto inteiro. Existem medicações eficientes para atenuação e controle dos diversos tipos de acne. Mas trata-se de uma ação terapêutica alongada, que exige paciência, dedicação e disciplina. Para o combate da doença são utilizadas medicações tópicas, que desobstruem os folículos e controlam inflamações e a oleosidade. Dependendo da intensidade do quadro e da sua cronicidade, um especialista pode recomendar medicamentos de via oral à base de isotretinoína. Na mulher adulta, além desses tratamentos, a terapêutica hormonal, com anticoncepcionais orais e outros medicamentos antiandrogênicos, pode reverter o quadro. Cuidados especiais Na tentativa de esconder as espinhas e os cravos – geralmente caracterizados pelas cores vermelha e preta, respectivamente –, muitos recorrem à maquiagem. É preciso tomar cuidado com esse recurso, para que ele não piore a situação da pele acneica. De acordo com a dermatologista Thais Sakuma, a maquiagem, se não removida da pele de forma adequada, pode obstruir ainda mais os poros e propiciar a acne. Não é que pele oleosa e com tendência à acne precise passar longe de maquiagens, mas ela necessita de cuidados e produtos especiais. Recomenda-se evitar o uso de cosméticos oleosos, dando preferência a maquiagens do tipo oil free e não comedogênicas, aquelas que não estimulam o aparecimento de cravos e até ajudam a cuidar da pele. Os alimentos também têm responsabilidade pelo aparecimento da acne, como esclarece Betina Stefanello: “Por muito tempo acreditou-se que acne e dieta não apresentavam relação, no entanto novos estudos têm comprovado que alimentos com alto índice glicêmico e laticínios têm influência sobre os níveis hormonais do indivíduo, o que poderia gerar as lesões. Acredita-se que o fato dos doces serem rapidamente absorvidos na corrente sanguínea influencia os níveis hormonais e desencadeia a produção excessiva de sebo. No caso do leite e de seus derivados, o próprio alimento já carrega hormônios”. O recomendado, portanto, é prestar atenção aos produtos que podem desencadear uma reação e evitá-los. O estresse é outro fator nessa complexa equação de influências. O cortisol, um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, aumenta em situações de estresse e é biologicamente ativo nas glândulas sebáceas, o que em altos índices induz um aumento do sebo da pele que pode vir a levar as células ao processo inflamatório causador de espinhas. Divulgação


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