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CAPA Ato contra a corrupção OAB SP une forças com a Cúria Metropolitana e outras instituições para ato em defesa da ética e dos princípios republicanos 16 Os fatos recentes do cenário brasileiro evidenciam o grau de corrupção que ataca o país. O sistema de atos espúrios está enraizado de tal modo em partidos políticos, órgãos governamentais e no elo entre os mundos público e privado que, praticamente, já tem vida própria. Modificar o modus operandi que se instalou no Brasil é uma tarefa árdua e de longo prazo – mas não impossível, acreditam os engajados na causa do combate à corrupção. Mesmo que haja clima de ceticismo entre muitos cidadãos, o interesse em contribuir com a mudança de rumo é crescente. Em meio ao cenário de menor indiferença diante desses atos e de opinião pública cada vez mais atenta e crítica, no próximo Dia Internacional Contra a Corrupção, em 9 de dezembro, a OAB SP une forças com a Cúria Metropolitana e dezenas de instituições parceiras para organizar ato em defesa da ética e dos princípios republicanos. A cerimônia inter-religiosa acontecerá às 10h na Catedral da Sé. Representantes católicos, evangélicos, muçulmanos, judeus, budistas e das religiões de matriz africana marcarão presença, além de associações de advogados e de outras categorias, como a de economistas, comerciantes e de outras áreas do Direito, além de institutos como o Ethos, para citar poucos exemplos. “A ideia é conscientizar as pessoas sobre o que podem e devem fazer na luta contra a corrupção. A sociedade civil tem papel fundamental na transformação do país”, resume Marcos da Costa, presidente da OAB SP. Os participantes assinam o Manifesto pela Ética e Contra a Corrupção, num sinal de compromisso de engajamento com o trabalho de conscientização das pessoas. “Há muitos modos de contribuir, como a denúncia aberta de fatos conhecidos de corrupção, a mobilização pública e a formação de uma cultura avessa à corrupção, a educação para a honestidade na vida privada e na vida pública”, diz o cardeal dom Odilo Scherer. “Estão surgindo iniciativas na sociedade para formar uma nova classe política, menos comprometida com os esquemas viciados da política brasileira. Já são sinais bons. Espero que consigam se afirmar mais e mais”, continua. Especificamente no processo político as mudanças devem ocorrer, no mínimo, em três frentes: votar com mais qualidade; engajar-se mais no processo, de modo a contribuir com movimentos políticos – ajudando, por exemplo, a identificar novas lideranças –; e fiscalizando os mandatários após as eleições. Denominador comum entre os especialistas é que a pró-atividade e a presença da população são mais necessárias do que nunca no universo político brasileiro atual. Ao votar, é fundamental que as pessoas sejam mais criteriosas. A busca pela informação é fator-chave e a primeira atitude é identificar se o candidato tem a ficha limpa. “A escolha de candidatos que tenham uma vida pregressa ilibada, que firmem o compromisso de combater a corrupção e, acima de tudo, estejam engajados na realização da política visando o bem comum, independentemente de particularismos e questões partidárias, é um dos pilares da mudança necessária”, diz Marcos da Costa. Para votar com qualidade, também é preciso pressionar as campanhas por informações sobre o projeto de governo. Ademais, alertam entrevistados, toda essa atenção deve ser destinada para a escolha dos políticos que vão ocupar cargos tanto no Executivo como também no Legislativo. O alerta é dado porque, geralmente, os nomes que se candidatam para o Congresso Nacional e às Assembleias Legislativas são comumente escolhidos sem a devida atenção e pesquisa. Tanto é que se torna comum o eleitor sequer lembrar de suas escolhas para deputados ou senadores. A próxima oportunidade para pôr em prática uma nova forma de participar do processo eleitoral, em busca de renovação política, ocorre em 2018, quando o país vai escolher o novo presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Ainda no que diz respeito ao processo eleitoral, é queixa comum da população a falta de opções fora dos nomes tradicionais – muitos envolvidos em escândalos. “Ocorre que, apesar das iniciativas, sobretudo de grupos de jovens, para buscar novas alternativas de liderança, a grande maioria silenciosa ainda espera que tudo seja ofertado pelos partidos políticos”, diz o doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), José Álvaro Moisés. “Sendo o voto uma arma democrática eficaz para mudar o quadro, a identificação de novos nomes por parte da própria sociedade civil é parte importante de um processo de renovação”. De acordo com Moisés, é necessária mobilização mais ampla, ou seja, que um número maior de pessoas se envolva pró-ativamente no trabalho de revelar novas lideranças além de grupos de jovens – bastante ativos nesse momento. De modo geral, os entrevistados reafirmam que renovar não é movimento que se resolve em apenas um pleito, mas a população está cada vez mais atenta. A Catedral da Sé abrigará o ato programado para acontecer dia 9 de dezembr José Luís da Conceição


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