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Jovem advocacia recebe dicas sobre gestão de carreira Encontro foi marcado ainda por orientações para obter melhor qualificação profissional e por críticas à falta de algumas matérias na grade de ensino 25 Jornal do Advogado – Ano XLIII – nº 434 – Dez/2017-Jan/2018 SÃO PAULO Dedicado à jovem advocacia e aos desafios da atualidade, o painel 40 da XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira foi marcado por palestras dinâmicas, participativas e performáticas que atraíram milhares de profissionais ao auditório oito no dia 29 de novembro. O conselheiro Federal da OAB Fabrício de Castro Oliveira abriu os trabalhos da mesa falando sobre o empreendedorismo. Oliveira aconselhou os novos profissionais a não se desestimularem diante dos relatos de dificuldades. “Desde quando está saindo da faculdade, o que o jovem advogado mais escuta falar é sobre as crises econômica, social e do Poder Judiciário que tanto dificultam o nosso trabalho. São discursos que afastam os novos profissionais da advocacia, impedindo que muitos comecem efetivamente a advogar”, introduziu Oliveira para esclarecer que sua apresentação seria permeada por orientações. “Quero falar da possibilidade que tem o jovem de efetivamente se estabelecer na profissão.” Ele reconheceu que a decisão de montar o próprio escritório é difícil. “Precisamos sair da zona de conforto, muitas pessoas deixam de ter o próprio escritório por medo do que vai acontecer. É preciso ter coragem e firmeza para trabalhar e, além disso, mostrar a quem está a nossa volta quem somos e como procedemos”, orientou. Na mesma linha, Lara Selem, advogada e consultora especialista em planejamento estratégico, composição societária e gestão de pessoas na advocacia, instruiu os novos profissionais sobre o gerenciamento dos escritórios. “Somos treinados para fazer o operacional. Precisamos, porém, entender e saber o que acontece em todas as áreas. Pensar estrategicamente e me antecipar às coisas dentro do meu escritório. Essa visão de propósito e de futuro vai dar para nós uma força incomensurável. Eu sou pior sozinho. Começar sozinho é um problema. Eu tenho um teto de 24 horas que eu não consigo superar. Com outras pessoas, eu transformo essas 24 horas em 48, 200, 1.800 horas e a gente tem de orquestrar o que cada um vai fazer”, aconselhou. Selem propõe uma virada pela educação e orientou os colegas a buscarem conhecimento. “Ainda continuamos com cursos de Di- reito sem nenhuma matéria de gestão, o que deixa o advogado despreparado para assumir a sua carreira Cristóvão Bernardo como autônomo ou dentro de uma sociedade”, disse. Ex-secretário Municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita fez uma reflexão sobre a semiótica do Direito e iniciou sua exposição estabelecendo que sua primeira função é o trabalho com o processo de convencimento. “A palavra é: 1. Persuasiva: No Direito, trabalha-se com o processo de convencimento. É preciso tomar cuidado com a palavra. 2. Hermenêutica: É necessário compreensão dos textos jurídicos e das pessoas. 3. Heurística: Responsabilidade com a verdade. É preciso ir a fundo para saber o que posso usar dentro da legalidade para defender meu cliente. 4. Pedagógica: É fundamental que os advogados que estão no escritório há mais tempo ajudem os estagiários e se tornem referência.” Ricardo Peres, coordenador da Coordenação Nacional das Caixas de Assistência dos Advogados (Concad), falou sobre as Caixas de Assistência no Sistema OAB, braços assistenciais da entidade mantidos por parte das contribuições estatutárias e que oferecem uma série de benefícios, gerando economia para os colegas, por meio do clube de serviços e dos produtos vendidos nas farmácias e livrarias. “Hoje os pilares da Caixa de Assistência são economia, auxílio, saúde, qualidade de vida, esporte, cultura, qualificação, aposentadoria, relacionamento. São mais de 10 mil convênios que temos à disposição dos advogados em diversos segmentos”, disse. “Nosso objetivo é que vocês tirem a anuidade da relação de despesa e a inclua na de investimento”, concluiu. O uso das redes sociais foi o tema abordado pelo vice-presidente da Comissão Nacional da Jovem Advocacia, Paulo Ralin, que ressaltou o importante instrumento de marketing jurídico disponibilizado aos colegas, se bem utilizado. “Algumas dicas são interessantes. Muita gente utiliza as redes sociais, mas confunde a sua vida pessoal com a profissional. A primeira coisa que você deve fazer é essa separação. Não pode ter foto de comida, cachorro ou academia no perfil do Instagram do escritório, apenas na rede pessoal”, ensinou. Autor do livro “Sucesso com Direito” lançado na Conferência, Paulo Nicholas iniciou sua exposição performática no meio do público e chamou à mesa os personagens da publicação como Fred Ferraz, Fernanda Marinela e Luiz Flávio Gomes, nomes de sucesso na área jurídica. “A melhor definição de sucesso que já ouvi é de Luiz Flávio Gomes, que diz que ter sucesso é ter um sonho, lutar muito por ele e conseguir realizá-lo”, declarou Nicholas que interagiu com os congressistas durante toda a palestra por meio de músicas, vídeos e até performances. Considerado o autor mais lido da década, o médico psiquiatra, professor e escritor Augusto Cury encerrou o painel. Ele convidou os participantes a realizarem um treinamento para fazer a mente humana desacelerar o pensamento para resgatar a qualidade de vida. “Sem gestão da emoção nos tornamos miseráveis”, analisou. De acordo com Cury, esta que deveria ser a geração mais alegre de todos os tempos, porém, é a mais triste; deveria ser a mais saudável, devido aos avanços da medicina, mas é a mais doente, com epidemias de suicídio e depressão. “Para mostrar para vocês o amor que eu tenho pelo sistema jurídico, eu demoro de quatro a cinco anos para aceitar o convite de uma conferência, e estou aqui, a convite da OAB, para dar esse pequeno treinamento a vocês para que antes de namorar alguém, vocês namorem a sua própria vida. Para que vocês entendam que a sua atividade profissional é altamente estressante e que vocês devem gerir a única empresa que não pode falir, que é a mente humana, porque se ela falir todo o resto desmorona”, concluiu. DE OLHO NO FUTURO: Empreendedorismo foi o tema abordado pelo conselheiro Federal Fabrício de Castro Oliveira PRIMEIROS PASSOS: Lara Selem instruiu os novos profissionais sobre o gerenciamento dos escritórios Cristóvão Bernardo CARREIRA


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