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Floriano de Azevedo 14 ENTREVISTA Professor titular de Direito Público e com ampla atuação na advocacia, Floriano de Azevedo Marques Neto terá novos desafios a partir de 22 de fevereiro, quando assume a diretoria da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a mais tradicional e mais antiga instituição de ensino superior do país, criada juntamente com os Cursos Jurídicos no Brasil, em 1827. Além de gerir a entidade com cerca de quatro mil alunos, entre graduação, pós-graduação e uma especialização em Direito do Trabalho, Azevedo Marques pretende reinserir a Faculdade nos grandes debates nacionais. O Brasil tem quase 1.300 faculdades de Direito, número de instituições maior do que no restante do mundo (1.100). Esse quadro é ruim para a formação profissional? O indicador que me parece mais grave é você comparar o número de egressos desses cursos com a porcentagem de aprovação no Exame da Ordem. Existe uma quantidade de cursos oferecidos que não consegue sequer formar o profissional com uma qualificação básica para atuar no mercado de trabalho. Se você tivesse mil e trezentos cursos com classes pequenas, formando bons profissionais, seria até aceitável, pois o Brasil é um país muito grande. Mas o que vemos é uma realidade incompatível com o ensino de qualidade. Hoje, mais do que nunca, uma faculdade de Direito é menos um local onde se vai apresentar um conjunto de leis ou passar um conteúdo conceitual. É um lugar que tem como desafio ensinar os estudantes a pensar juridicamente. Exige dedicação da instituição, e particularmente do professor, de ver mecanismos para atrair esse aluno para o raciocínio jurídico. Conhecer o teor de uma lei é muito pouco para imperar o Direito. Você tem o processo de interpretação, de valoração da norma, de composição entre duas normas. Isso é o dia a dia do profissional do Direito. Qual é o papel a ser desempenhado pela Faculdade das Arcadas? A Faculdade do Largo de São Francisco deve ocupar um papel central na discussão dos grandes debates. Hoje temos várias questões a serem enfrentadas e uma delas é a crise no Judiciário. Temos outros pontos relevantes no cenário nacional como as reformas da previdência, trabalhista e política. A faculdade tem de ser um espaço para discutir esses temas em parceria com outras instituições, como a OAB, principalmente neste ano em que estamos no ensejo de comemorar 30 anos da Constituição de 1988. O senhor disse que a Faculdade passa por intensa transformação. Qual o peso da tecnologia nesse processo? Dentro dos grandes desafios, de quem vai assumir a diretoria de uma faculdade quase bicentenária, o maior é começar um processo de mudança que procure atender à seguinte realidade: a cada ano recebemos alunos que José Luís da Conceição


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