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22 SAÚDE O corpo em desequilíbrio A labirintite provoca a sensação de que o mundo pode girar a qualquer momento; os sintomas surgem de forma repentina e logo desaparecem, mas podem ser severos Para que uma pessoa mantenha-se em equilíbrio, em pé, é necessária uma resposta harmônica das informações que partem dos labirintos (esquerdo e direito, estruturas do ouvido interno) e dos sistemas músculo- -esquelético e visual. Quando uma dessas informações é deturpada, o cérebro recebe uma mensagem errada e o indivíduo sofre instabilidades, vertigens, náuseas e até vômitos. Como o labirinto é parte do sistema do ouvido, pode acontecer ainda diminuição auditiva e incômodos como zumbido e sensação de ouvido tampado. Esses são os sintomas da labirintite. Essa doença pode ser causada por vírus, bactérias, lesão na cabeça, alergia ou por reação a um determinado medicamento. Seus sintomas surgem normalmente de forma repentina e logo desaparecem, mas podem ser severos. Eles costumam reaparecer conforme o gatilho que ocasionou o problema. Assim, é muito importante consultar um otorrinolaringologista o mais rápido possível ao se manifestar uma crise, para evitar prejuízos às atividades simples do dia a dia. Quem sofre de labirintite tem a sensação de que o mundo pode girar a qualquer momento – especialmente após movimentos bruscos. Isso acontece porque os cristais que deveriam permanecer em uma bolsa no centro do labirinto se desprendem, passando a flutuar ou aderindo aos sensores em outros compartimentos. A otorrinolaringologista Jeanne Oiticica afirma que o quadro, apesar de poder ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças e ou bebês, é mais frequente entre idosos e mulheres. “Em idosos, por conta do envelhecimento do sistema como um todo, comorbidades associadas e medicamentos. Entre adultos, as mulheres são as mais afetadas, em especial devido às oscilações hormonais que sofrem ao longo da vida”, observa a especialista, chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. O labirinto, pequeno órgão do ouvido interno, também pode ser afetado por outras alterações que não as da idade, inflamatórias, infecciosas e hormonais, mas também por disfunção da tireoide, osteoporose, diabetes, enxaqueca, doenças vasculares ou cardíacas, problemas na musculatura, nas articulações e vértebras do pescoço, tabagismo, hipertensão arterial, estresse, ansiedade, transtorno de estresse pós-trauma (TEPT), conflito neurovascular, abusos alimentares de café, doces ou jejum prolongado, pré-diabetes e arritmia cardíaca. Informações importantes Identificar com precisão a causa que desencadeia as crises exige boa observação e investigação, pois só assim poderá ser estabelecida a técnica terapêutica capaz de fazer a doença desaparecer. Na hora da consulta é interessante o paciente não só listar os sintomas, sua periodicidade e seu histórico médico, mas também os momentos em que as crises foram manifestadas, se ao virar a cabeça, ao ouvir ruídos fortes, ao não se alimentar ou ao se alimentar com muitos doces etc. Importante também, segundo a especialista do Hospital das Clínicas, é que o paciente saiba diferenciar a vertigem da tontura comum. Oiticica explica: “Na vertigem, o indivíduo tem a sensação de que o ambiente à sua volta está girando ou de que ele mesmo está girando. A tontura, por sua vez, é diferente, pois inclui todo o resto, situações em que o indivíduo sente desequilíbrio, instabilidade, oscilação, cabeça oca, cabeça vazia, escurecimento visual e sensação de desfalecimento”. Ela conta que um estudo epidemiológico, feito por meio de entrevistas em domicílio na cidade de São Paulo, revelou que a manifestação da tontura é de 42% na população, contra apenas 8% da vertigem, o que mostra que nem todos os casos de tonturas são labirintites. Linhas de atuação O diagnóstico da labirintite é firmado por todo esse minucioso relato clínico e complementado por exames de sangue, imagem, eletrofisiológicos da audição (exame que identifica o local da via auditiva que apresenta comprometimento e que determina níveis mínimos de respostas auditivas), do labirinto e outros a depender da suspeita do médico. O tratamento pode incluir uso de remédios ou não. Pode-se recorrer a estratégias como manobras de reposição canalicular, reabilitação vestibular, fisioterapia e outros exercícios que ajudam a regular de forma gradual a disfunção do labirinto. Tudo a depender do caso. Some-se a adoção de um estilo de vida saudável, que una alimentação equilibrada e prática regular de exercícios físicos, além de evitar situações de estresse. Tudo isso ajuda a impedir a deflagração de uma crise de labirintite, atuando como prevenção também pra outras doenças. Divulgação


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