Divulgação O doce amargo
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SAÚDE
das doenças
Consumo exagerado de
açúcar causa problemas aos
brasileiros que vão muito
além da diabetes
H
máximo 10% das calorias diárias. A OMS salienta que,
se for possível reduzir para 5%, os benefícios para a
saúde serão ainda maiores. Essa quantia representaria
aproximadamente seis colheres de chá de açúcar (25g),
por dia, para uma pessoa adulta.
Com o alerta, os consumidores começaram a ficar
atentos e conscientes dos malefícios à saúde. Os
fabricantes de alimentos também se movimentaram e
iniciaram uma busca por alternativas seguras e saudáveis
para seus produtos. Outros, no entanto, optaram
apenas por usar de eufemismos em suas embalagens
para camuflarem esse ingrediente, como atestou o
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
em 2016, ao lançar em seu site o especial “Açúcar
que você não vê”. O dossiê reuniu 21 nomes pelos
quais a indústria chama o açúcar com o intuito de
confundir quem lê os rótulos. Entre os nomes estão
maltodextrina, xarope de glicose e de milho, sacarose,
néctares, frutose e outros.
Di Croce acrescenta à lista os açúcares cristal, mascavo,
demerara e orgânico. “A única diferença nesses últimos
é que eles têm preservados os minerais e as vitaminas da
cana-de-açúcar, mas a quantidade dessas substâncias
neles é tão ínfima que, em resumo, continuam sendo
doces em sua maior parte”, salienta.
Como ainda não é obrigatória na tabela nutricional a
informação sobre o açúcar, normalmente ele é incluído
como um carboidrato
Mas, enfim, como reduzir ou zerar aquele açúcar do cafezinho,
do suco ou de outros alimentos sem prejudicar a
absorção da glicose pelo corpo? “Reeducando o paladar.
Temos muitos alimentos que são capazes de fornecer ao
corpo a glicose e que são muito mais nutritivos. Uma
boa consulta nutricional é capaz de definir uma dieta
balanceada para cada um”, responde Di Croce.
A tarefa não é fácil, especialmente em paladares doces,
como o dos brasileiros, que consomem escandalosos
150 gramas de açúcar por dia. Primeiro, porque se trata
de uma substância viciante, que aciona as áreas ligadas
ao prazer e à diminuição do estresse. Quando o cérebro
percebe essa relação, e isso acontece rapidamente,
passa a nos estimular a buscar mais e mais açúcar.
Como forma de combate, Juliana sugere usar adoçantes
mais saudáveis e incluir a prática de atividade física
na rotina. Ela explica essa dinâmica: “Os adoçantes e
a atividade física acionam no cérebro a mesma área
de prazer que o doce. Portanto, ao fazer essa troca
seguimos dando ao cérebro o que ele deseja, mas com
a vantagem de promover para todo o nosso sistema
mais saúde e disposição”.
No caso da substituição, a nutricionista recomenda
xilitol, estévia, açúcar de coco ou eritritol. Juliana Di
Croce descarta o uso da sucralose, adoçante mais consumido
no mundo, inclusive entre pacientes diabéticos,
e liberado irrestritamente por órgãos de segurança
alimentar, incluindo o Food and Drug Administration (FDA)
e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do
Brasil. “Estudos recentes mostraram que a sucralose
gera resposta insulínica igual a do açúcar e aumenta
as chances de disbiose intestinal (desequilíbrio da
flora intestinal que reduz a capacidade de absorção dos
nutrientes)”, esclarece.
É verdade que as primeiras semanas de desintoxicação
não são fáceis, mas valem a pena pelos seus benefícios;
entre eles, a perda de peso, a melhora do humor, a melhora
dos ajustes hormonais e da absorção dos nutrientes
dos alimentos, o bloqueio da compulsão alimentar e
da constipação intestinal, a recuperação da saúde óssea
e da força muscular e a redução da flacidez da pele, além
da diminuição dos níveis de colesterol e triglicérides e
das chances de desenvolvimento de diabetes.
Há três séculos o consumo médio anual por habitante
de açúcar era de aproximadamente três quilogramas
– hoje gira em torno de 70 quilogramas. Os níveis
subiram porque a substância, em seus diversos tipos,
passou a estar originalmente presente em quase tudo
que ingerimos. Somam-se a isso as colheradas extras
que comumente adicionamos às guloseimas. É sabido
que a ingestão de açúcar produz glicose, que por sua
vez aumenta a produção de insulina, substância que,
em taxas elevadas, compromete funções do organismo
e gera resistência à própria insulina. Cada vez mais
pesquisas apontam o consumo exagerado de produtos
como causa de doenças que vão muito além da diabetes.
Entre os problemas decorrentes da ingestão descontrolada,
a obesidade é o mais facilmente notado. Mas
há ainda a esteatose hepática (aumento do acúmulo
de gordura no fígado), aumento do risco de doenças
cardiovasculares, a disbiose intestinal (desequilíbrio
que reduz a capacidade de absorção dos nutrientes e
causa carência de vitaminas), a flacidez e o envelhecimento
celular. “E, para piorar, o açúcar, principalmente
refinado, que é o mais comum nos supermercados, é
totalmente vazio de vitaminas e sais minerais, ou seja,
não traz nenhum benefício à saúde”, afirma a nutricionista
Juliana Rossi Di Croce.
Por isso, desde 2015 a Organização Mundial da Saúde
(OMS) recomenda enfaticamente a redução do consumo
desse produto adicionado aos alimentos para no