Espaço CAASP
Palavra do presidente
Jornal da Advocacia – Ano XLIV – nº 447
Jornal da Advocacia I Março-2019 19
Ricardo Bastos/CAASP
Neste mundo polarizado, alguns conceitos têm sido jogados propositalmente
no caldeirão de argumentos descabidos que instrumentaliza o proselitismo. Nos
ambientes politizados – corporações, entidades de classe, casas parlamentares
–, onde deveriam prevalecer o debate saudável de ideias e o respeito à opinião
divergente, não raro tem predominado a argumentação ad hominem, que busca
tão somente desqualificar o opositor.
Nós, na Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo, em sintonia com a
Seção de São Paulo e com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil, somos adeptos do diálogo franco em torno de propostas, sem negociarmos
os princípios de cidadania que regem tanto as nações civilizadas quanto as
instituições solidárias.
Como nunca, temas econômicos e modelos de gestão têm gerado acaloradas discussões.
Afinal, o bom administrador – público ou privado – é aquele que promove
crescimento, mesmo que à custa de algum endividamento, ou é o que mantém as
contas no azul, mesmo que, para isso, sacrifique algum avanço? Trata-se de um
bom debate que, no âmbito das entidades assistenciais, merece atenção especial.
No caso da CAASP, a atual diretoria tem dois firmes propósitos, os quais podem
parecer conflitantes: manter o caixa em dia e, ao mesmo tempo, crescer. Para
entender como isso será possível, é necessário conhecer a diversidade da entidade
e sua natureza.
A Caixa de Assistência nasceu há 83 anos para socorrer os advogados em situação
de penúria, os profissionais do Direito inscritos na OAB SP impossibilitados de trabalhar
devido a problemas de saúde, incapacitados de garantir o sustento da família.
Nosso objetivo é multiplicar os recursos disponíveis aos colegas carentes mediante
reavaliação rigorosa de serviços: postos e unidades ociosos, cuja manutenção
mostrar-se onerosa, serão repensados, ou, em casos extremos, desativados.
Os campos de atuação da CAASP que não integrem suas atividades-fim, e que
salutarmente hoje fazem parte do dia a dia da advocacia, serão mantidos ou até
ampliados mediante novos meios de geração de receita: em síntese, patrocínios
e parcerias serão a norma, e em breve já teremos bons resultados para mostrar.
Não nos esqueçamos de que o peso institucional da OAB SP e da CAASP, com
seus mais de 400 mil inscritos, afora seus familiares, constitui um ativo que salta
aos olhos de empresas de qualquer segmento. Cada vez mais transformaremos
esse poder – a marca “advocacia paulista” – em benefícios à parcela da classe
que se veja em situação aflitiva.
As farmácias da CAASP, por sua vez, não devem constituir fonte de receita, já que
praticam preços de custo. A Caixa nada lucra com a venda de medicamentos, pois
cobra da advocacia o mesmo que paga aos laboratórios, além de arcar com os
elevados custos de manutenção das lojas, que exigem profissionais qualificados
e se submetem a rígida fiscalização sanitária.
Em contrapartida, seria gratificante para nós, dirigentes, que a advocacia a cada
dia precisasse menos dirigir-se às farmácias da CAASP. E por uma razão simples:
queremos que os advogados necessitem cada vez menos de medicamentos, e
essa condição se obtém por meio de hábitos de saúde preventiva, os quais serão
incansavelmente incentivados pela Caixa, sempre que possível com apoio de
empresas parceiras.
A adoção de prioridades, a eliminação de qualquer forma de desperdício, o rigor na
aplicação dos recursos oriundos da anuidade paga à Secional, a busca de parceiros
nos setores empresariais, trabalho duro e alguma criatividade posicionarão a
Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo acima do debate binário entre
“crescer” ou “manter-se no azul”.
Luís Ricardo Davanzo
PRESIDENTE DA CAASP
SÃO PAULO
CRESCER
NO AZUL
“O peso institucional da
OAB SP e da CAASP, com
seus mais de 400 mil inscritos,
afora seus familiares, constitui
um ativo que salta aos olhos
de empresas de qualquer
segmento”